Por que é tão difícil sair de um relacionamento abusivo?
- guilherme rodrigues
- 9 de out. de 2024
- 3 min de leitura
Atualizado: 31 de out. de 2024
A armadilha invisível do abuso

Nos primeiros estágios de um relacionamento abusivo, o controle e a manipulação costumam ser sutis. Atitudes como ciúmes excessivos ou a necessidade de controlar as ações do parceiro podem ser confundidas com carinho ou preocupação. Com o passar do tempo, essas atitudes se intensificam e transformam a relação em um espaço de controle e medo. O agressor pode monitorar mensagens, ditar regras sobre amizades ou até controlar como a pessoa se veste.
O impacto emocional dessa violência é imenso. Embora nem sempre haja agressão física, a violência psicológica ou financeira destroem a autoestima da vítima, fazendo com que ela duvide de sua capacidade de viver sem o parceiro. Aos poucos, ela se vê cada vez mais presa a uma relação onde se sente sem valor e sem alternativas.
A repetição de padrões inconscientes
Muitas pessoas que permanecem em relacionamentos abusivos carregam dentro de si marcas de relacionamentos anteriores ou de experiências passadas que influenciam suas escolhas atuais. Às vezes, sem perceber, repetimos padrões de comportamento que aprendemos ao longo da vida, especialmente em situações de trauma. Esse ciclo de repetição pode fazer com que, mesmo em meio ao sofrimento, a pessoa busque inconscientemente repetir situações conhecidas, na tentativa de lidar com elas de outra forma. Além disso, há uma forte influência social que, por muito tempo, colocou a mulher em uma posição de submissão dentro dos relacionamentos. Muitas vítimas acabam aceitando atitudes abusivas como parte de um relacionamento amoroso, acreditando que o sacrifício faz parte da experiência de amar.
Dependência emocional e financeira: barreiras difíceis de superar

Outro fator que dificulta a saída de um relacionamento abusivo é a dependência emocional e, em muitos casos, financeira. O controle que o parceiro exerce sobre as finanças impede que a vítima consiga se planejar para deixar a relação, aumentando sua sensação de aprisionamento. A dependência emocional também é uma barreira poderosa. O medo de ficar sozinha ou a crença de que não encontrará outra pessoa faz com que a vítima se agarre ao relacionamento, mesmo sabendo que está sofrendo. Quando há filhos envolvidos, a situação se torna ainda mais difícil. Muitas mulheres continuam na relação por acreditar que estão protegendo seus filhos ou por não terem apoio suficiente para seguir sozinhas.
Pressões sociais e culturais
Muitas vezes, a ideia de que a mulher deve suportar situações de abuso em nome da família persiste, o que contribui para que muitas vítimas sintam culpa por quererem sair. Esse sentimento de culpa, combinado com a pressão social, faz com que muitas mulheres se sintam sozinhas e sem opções. Além disso, o isolamento é uma ferramenta comum utilizada pelos agressores. Eles afastam suas parceiras de amigos e familiares, dificultando ainda mais que a vítima busque ajuda e enxergue uma saída. Esse isolamento emocional faz com que o ciclo de abuso se torne ainda mais difícil de romper.
Como podemos ajudar?
Se você ou alguém que conhece está vivendo um relacionamento abusivo, é importante entender que sair desse ciclo não é simples, mas é possível. O apoio psicológico é uma ajuda importante para reconstruir a autoestima e identificar os padrões que mantêm a pessoa presa a essa relação. Além disso, buscar apoio de amigos, familiares ou grupos de acolhimento é fundamental. É importante lembrar que pedir ajuda não é sinal de fraqueza, mas sim o primeiro passo rumo à liberdade e à recuperação. Romper um relacionamento abusivo exige coragem e apoio, mas é possível reconstruir a vida e buscar novas formas de se relacionar.