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Para além do diagnóstico: a psicoterapia como uma possibilidade

  • Foto do escritor: guilherme rodrigues
    guilherme rodrigues
  • 17 de out. de 2024
  • 3 min de leitura

Atualizado: 31 de out. de 2024

O diagnóstico, sem dúvida, tem um papel crucial no campo da saúde mental. Ele oferece uma estrutura para entender sintomas e criar um plano de tratamento. Quando bem feito, um diagnóstico pode orientar psicoterapeutas e pacientes, servindo como um mapa para identificar pontos de atenção e direcionar o foco da terapia. Além disso, facilita a comunicação entre profissionais, permitindo que diferentes especialidades se alinhem no tratamento de uma pessoa, garantindo que suas necessidades sejam atendidas de forma coerente. No entanto, apesar dessa importância, o diagnóstico não é, e nem deve ser, o ponto final na compreensão do sofrimento psíquico. Ao longo dos anos, o modelo biomédico tem enfatizado uma abordagem que tende a reduzir o sofrimento humano a categorias clínicas, frequentemente ligadas à ideia de distúrbios biológicos e neuroquímicos. Essa perspectiva, embora útil em muitos casos, pode deixar de lado um aspecto fundamental da condição humana: a subjetividade.

abstract self

Quando diagnosticamos uma pessoa com ansiedade ou depressão, por exemplo, estamos rotulando uma manifestação sintomática que, embora real, não captura toda a complexidade da vida e da história daquela pessoa. O diagnóstico descritivo, como o utilizado em manuais como o DSM-5, frequentemente se limita a uma lista de sintomas, sem considerar profundamente a trajetória de vida, os contextos relacionais e as experiências singulares do paciente. Essa categorização, quando aplicada de forma mecânica, corre o risco de tratar a pessoa como um "caso clínico" e não como um ser humano único.

É aqui que surgem as críticas ao modelo centrado exclusivamente no diagnóstico. A psiquiatria moderna, ao focar excessivamente nas descrições de sintomas e em uma abordagem biológica, pode acabar desumanizando o sujeito e deixando de lado aquilo que realmente importa: a história e a experiência de quem sofre. Reduzir uma pessoa ao seu diagnóstico significa perder de vista tudo o que ela tem de particular e de não codificável em uma categoria médica. Como se um rótulo pudesse traduzir as nuances e profundidades de uma vida inteira.

Uma alternativa a essa visão reducionista é a proposta de uma abordagem mais subjetiva. Em minha clínica, por exemplo, defendo que o tratamento não se limite a "tratar" um diagnóstico, mas que seja uma oportunidade de escutar profundamente o que aquele sintoma representa para a pessoa. Não se trata apenas de aliviar os sintomas, mas de compreender a função deles na vida daquele sujeito, de que modo eles se relacionam com sua história, seus desejos e suas angústias. O tratamento através da psicoterapia pode ir além do diagnóstico biomédico, permitindo que a pessoa, através da fala, encontre novos significados para seu sofrimento, valorizando a singularidade de cada pessoa. Duas pessoas com o mesmo diagnóstico psiquiátrico podem ter histórias de vida, contextos e significados completamente distintos em relação ao que estão vivenciando.

abstract self

A minha forma de trabalho propõe que o foco esteja naquilo que o sujeito faz ou sente, mas também em como ele se posiciona frente a essas experiências. Nesta clínica da escuta, o sujeito é convidado a falar, e é nessa fala que ele pode, aos poucos, compreender melhor a si mesmo, seus sintomas e suas repetições. Entretanto, reconhecer a importância dessa subjetividade não significa desconsiderar o valor do diagnóstico. Ao contrário, a melhor prática terapêutica pode ser aquela que integra ambos os modelos. É possível aliar a precisão de um diagnóstico clínico com a escuta profunda e singular oferecida em psicoterapia. Enquanto o diagnóstico nos oferece um ponto de partida e uma compreensão dos sintomas em termos gerais, a psicoterapia nos leva além, explorando como esses sintomas são vividos e experimentados por cada pessoa de maneira única para lidar com suas questões. Ao unir o melhor dos dois mundos – o rigor diagnóstico e a profundidade da escuta subjetiva – a psicoterapia se torna uma ferramenta poderosa não apenas para tratar o que está disfuncional, mas para promover um verdadeiro entendimento e transformação.


 
 

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